O estômago é uma bolsa de 1,5 litro de capacidade que produz ácido clorídrico e enzimas. Os alimentos ingeridos permanecem nessa bolsa por 1 a 2 horas onde serão parcialmente dissolvidos pela mistura de ácido e enzimas. O ambiente do estômago é extremamente ácido e certamente corroeria o próprio estomago se não fosse pela presença de um carpete de muco que forra o estômago internamente e assim o protege contra a queimadura ácida.
O equilíbrio entre fatores agressivos (ácido) e fatores defensivos (muco) é fundamental para que tenhamos boa digestão dos alimentos sem danos ao estômago. Sempre que houver aumento da produção de ácido ou diminuição da produção de muco haverá queimadura no estômago.
Quando a queimadura no estômago ocorrer de forma difusa é chamada de gastrite e geralmente é um quadro reversível e muitas vezes apenas esporádico.
Quando a lesão ocorrer em um único ponto, gerando um buraco bem definido, é chamada de úlcera e esta costuma ser uma doença crônica que evolui com crises de dor intensa por toda a vida. A úlcera duodenal é dez vezes mais frequente que a úlcera gástrica. A úlcera gástrica é mais comum em idosos e pode sofrer até transformação em câncer gástrico.
Os fatores que aumentam a produção de ácido são principalmente stress, álcool e fumo.
Os fatores que diminuem a produção da barreira protetora de muco são medicamentos anti-inflamatórios e uma bactéria chamada Helicobacter Pylori.
O Helicobacter Pylori é uma das poucas bactérias que sobrevivem no estômago. Estima-se que 70% da população mundial tenha essa bactéria em seu estômago, sendo mais comum em países com saneamento básico precário. Geralmente, essa bactéria não causa doenças, mas nos pacientes portadores de úlcera gástrica ou duodenal ela tem um papel de grande importância. Acredita-se que ela seja a grande causadora da doença ulcerosa em 95% dos casos. Essa bactéria também é tida como responsável por alguns casos de câncer gástrico.
Os sintomas da úlcera são queimação no estômago que as vezes melhora com vômitos e as vezes melhora após ingestão alimentar. Algumas pessoas acordam de madrugada com dor. Em casos mais graves, pode ocorrer vômitos com sangue ou ainda perfuração da ulcera causando grave peritonite.
O diagnóstico é facilmente comprovado através de uma Endoscopia Digestiva Alta, a qual deve ser acompanhada da pesquisa da presença do Helicobacter Pylori. Aliás, esse exame deve ser realizado de rotina como check up anualmente após os 40 anos de idade mesmo em indivíduos sem sintomas.
O tratamento da úlcera obrigatoriamente implica na erradicação do Helicobacter Pylori com um esquema de antibióticos combinados e obviamente orientar paciente a evitar álcool, fumo e medicamentos anti-inflamatórios para toda a vida. Além disso, recomenda-se o uso de medicamentos antiácidos. Raramente indica-se cirurgia para úlcera, sendo essa reservada apenas em caso de perfuração gástrica, alguns casos de hemorragia e quando a úlcera causar um calo obstrutivo que impede a passagem da comida para o intestino.